01 novembro 2009

AFINIDADES


"E foi então que apareceu a raposa:
- Bom dia, disse a raposa.
- Bom dia, respondeu polidamente o principezinho que se voltou mas não viu nada.
- Eu estou aqui, disse a voz, debaixo da macieira...
- Quem és tu? perguntou o principezinho. Tu és bem bonita.
- Sou uma raposa, disse a raposa.
- Vem brincar comigo, propôs o princípe, estou tão triste...
- Eu não posso brincar contigo, disse a raposa. Não me cativaram ainda.
- Ah! Desculpa, disse o principezinho.
Após uma reflexão, acrescentou:
- O que quer dizer cativar ?
- Tu não és daqui, disse a raposa. Que procuras?
- Procuro amigos, disse. Que quer dizer cativar?
- É uma coisa muito esquecida, disse a raposa. Significa criar laços...
- Criar laços?
- Exatamente, disse a raposa. Tu não és para mim senão um garoto inteiramente igual a cem mil outros garotos. E eu não tenho necessidade de ti. E tu não tens necessidade de mim. Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás pra mim o único no mundo. E eu serei para ti a única no mundo...
Mas a raposa voltou a sua idéia:
- Minha vida é monótona. E por isso eu me aborreço um pouco. Mas se tu me cativas, minha vida será como que cheia de sol. Conhecerei o barulho de passos que será diferente dos outros. Os outros me fazem entrar debaixo da terra. O teu me chamará para fora como música. E depois, olha! Vês, lá longe, o campo de trigo? Eu não como pão. O trigo para mim é inútil. Os campos de trigo não me lembram coisa alguma. E isso é triste! Mas tu tens cabelo cor de ouro. E então serás maravilhoso quando me tiverdes cativado. O trigo que é dourado fará lembrar-me de ti. E eu amarei o barulho do vento do trigo...
A raposa então calou-se e considerou muito tempo o príncipe:
- Por favor, cativa-me! disse ela.
- Bem quisera, disse o principe, mas eu não tenho tempo. Tenho amigos a descobrir e mundos a conhecer.
- A gente só conhece bem as coisas que cativou, disse a raposa. Os homens não tem tempo de conhecer coisa alguma. Compram tudo prontinho nas lojas. Mas como não existem lojas de amigos, os homens não têm mais amigos. Se tu queres uma amiga, cativa-me! Os homens esqueceram a verdade, disse a raposa. Mas tu não a deves esquecer. Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas"...

Antoine de Saint-Exupéry - O Pequeno Príncipe



Diariamente me pego pensando, sofrendo a falta física de minha mãe.

Com ela aprendi tudo...tudo o que sou.

Tenho dignidade, tenho amor no coração, tenho até coragem!

Aprendi a valorizar as pequenas coisas e a não valorizar demais os obstáculos que surgem na vida. Enfim, aprendi a colocar os pés no chão e a dar um passo de cada vez...

Só não aprendi ainda a estar distante dela.
Esse vazio todo que sinto me fez refletir sobre as ligações espirituais, laços muito mais fortes que os carnais. Assim, trago a questão nº 297, do Livro dos Espíritos:





"297 A afeição que dois seres tiveram na Terra sempre continuará no mundo dos Espíritos?
– Sim, sem dúvida, se é fundada sobre uma simpatia verdadeira. Mas se as causas físicas foram maiores que a simpatia, ela cessa com a causa. As afeições entre os Espíritos são mais sólidas e mais duráveis do que as da Terra, porque não estão sujeitas aos caprichos dos interesses materiais e do amor-próprio."


Um dia ainda vamos nos reencontrar...mãe

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2 Comentários:

Às 1 de novembro de 2009 às 12:17 , Blogger Unknown disse...

Querida, imagino a tua dor. Ainda tenho a minha mãezinha, mas nem consigo imaginar a vida sem ela.
É muito dificil, a gente nunca está preparado para as perdas inevitáveis da vida...
Beijos

 
Às 2 de novembro de 2009 às 03:45 , Blogger Kelly Kobor Dias disse...

Oi Patrícia querida, adorei seu texto sobre afinidades... muito bom mesmo, pois é algo que sentimos mesmo, e sabemos exatamente como é.
Você me falou para que eu procure notícias da Karine, não tenho onde procurar, aqui em minha cidade e região não conhecço ninguém com essa mediunidade. o que eu mais quero é mesmo uma psicografia dela, não apensa pra mim, mas principalmente pra dar de presente pra minha irmã. Minha irmã está sendo uma muralha, que muitas vezes desaba em choros e depois se refaz. Como eu queria amenizar a dor dela, já que não posso retirar por completo. Esse é meu objetivo, aliviar a dor da minha irmã, pois sua dor é demais, perdeu a filha e ficoau com o neto pra cuidar.
Grande beijo

 

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